O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá –
Jorge Amado
O Tempo prometera a Manhã uma rosa
azul se a história que ela lhe contasse fosse boa. Era uma história de amor
entre o Gato Malhado e a Andorinha Sinhá.
Gato
Malhado era um gato já velho, mal-humorado e muito mau. Um dia, todos os
animais do parque fugiram do gato mas uma jovem andorinha permaneceu num galho
de uma árvore. Tiveram um pouco a conversar, ou melhor discutir.
Desde
ai, o Gato Malhado só pensava na Andorinha Sinhá e vice-versa. Numa manhã ele
passeou pelo parque e os seus pés levaram-no até a casa da Andorinha. A partir
daí todos os dias se encontravam para passear e conversar. Já no fim do Verão,
o Gato disse a Andorinha que até casava com ela, ao qual ela respondeu que
andorinhas não se casavam com gatos. Depois disso, a Andorinha andou
desaparecida.
Andou
pela boca dos animais um boato que a Andorinha namorava com o Gato, e todos
criticavam ambos.
Algum
tempo mais tarde, já no Outono, o Gato soube que a Andorinha estava de
casamento marcado com o Rouxinol, muito amigo dela. Desde então, o
Gato Malhado, passou a andar triste e mal-humorado para todos.
Revoltado,
o Gato matou alguns dos animais que começaram com os boatos.
Já
no Inverno, ocorreu o casamento do Rouxinol com a Andorinha Sinhá. Era tanta a
tristeza do Gato Malhado, que ele decidiu caminhar até ao Fim do Mundo. Este
viu a Andorinha, pela última vez no casamento, ela também o viu. Na cara dela
via-se também tristeza, pois gostara também do Gato, mas fora obrigada a casar
com o Rouxinol.
A
Andorinha Sinhá deixou cair uma pétala de rosa do seu buquê sobre Gato, a
qual ele colocou no peito, parecendo uma gota de sangue.
Quando
o gato saiu de lá, a pétala brilhou e encaminhou-o até ao Fim do Mundo.
Assim,
a Manhã recebeu a rosa azul do Tempo
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